sábado, 1 de maio de 2010

Deus Nosso Pai

Todos nós temos uma imagem sobre como é Deus. Quer seja um Deus bondoso e protetor, que releva as nossas falhas, quer seja um Deus severo e crítico, que nos condena, todos os crentes nos relacionamos com a imagem de Deus que criamos. As culturas também têm as suas concepções de Deus. A cultura Judaica, por exemplo, apresenta um Deus severo e guerreiro, capaz de punir por várias gerações aqueles que o desobedecem. Acreditava-se, inclusive, que era Ele quem “mandava” algumas pragas para castigar os povos.

Jesus, entretanto, qualificou Deus de misericordioso e justo, ao mesmo tempo, apresentando-nos um Deus Pai. Jesus o nomeava com a palavra hebraica Abba (paizinho ou papai), uma forma carinhosa de tratá-lo, como uma criança chama o próprio pai. Esta é uma concepção revolucionária demais para a cultura judaica da época. Ingênua demais, íntima demais para ser aceita pelos doutores da lei de então. A palavra Abba aparece diversas vezes no evangelho, sempre no contexto de uma relação pessoal e íntima de Jesus com Deus, como por exemplo: “Abba graças te dou por ter revelado essas coisas ao simples e pequeninos e as escondido dos poderosos” ou “Abba nosso que está nos céus” ou “Abba em tuas mãos eu te entrego o meu espírito”.

Essa nova conceituação de um Deus de Amor e de Perdão era de difícil aceitação para os religiosos da época de Jesus, que se sentiam privilegiados e de certa forma salvos por seguirem os mandamentos da lei mosaica, por cumprirem as orações ritualísticas, por darem esmola e jejuarem. As benesses divinas não podiam ser assim tão gratuitas.

Hoje, ainda, há quem desconheça este Deus misericordioso e bom e que se interessa por nossa felicidade profunda. Por desconhecimento ainda do Pai que Jesus nos apresentou, prendem-se ao Deus de quem seríamos a imagem e a semelhança – ou seja, um Deus ainda humanizado, vulnerável e com nossas imperfeições.

E não só pelos seus ensinamentos (como na parábola do filho pródigo, onde o pai aguarda e depois recebe o filho de forma calorosa), como também pelo testemunho de toda a sua vida, quando se doou ao serviço do próximo por amor e ainda assim foi traído, Jesus, preso político, torturado e morto, mostrou-nos esse Pai capaz de perdoar: “Abba, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”.

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