domingo, 5 de fevereiro de 2012

Espiritogismo - Obsessão ou Mediunidade?

Diante de um fenômeno, como uma patologia ou sofrimento psíquico, uma depressão por exemplo, os indivíduos tendem a interpretar ou entender as causas determinantes de acordo com o seu ângulo de visão. Isto significa no mínimo uma redução da verdade completa a um fragmento de verdade, como se uma mesa, por exemplo, fosse uma só perna da mesa. Vamos citar alguns exemplos:

Sociologismo - Seria a tendência de alguns filósofos ou sociólogos a verem os fatores econômicos, demográficos, as condições de vida, do meio ambiente e de trabalho, como os principais causadores do adoecimento. Na prática,  a depressão pode ter sido precipitada pelo desemprego, por dívidas ou estresse no ambiente de trabalho.

Biologismo - Médicos, pesquisadores biomédicos e biólogos, sustentam as causas biológicas, fisiopatológicas para as doenças. A depressão representa uma redução da disponibilidade de neurotransmissores nas fendas sinápticas e o tratamento químico com agentes antidepressivos que atuam no sistema de receptores celulares. Podemos incluir as causas genéticas e hormonais. 

Psicologismo - Psicólogos ou psicanalistas podem tender a enxergar apenas o ângulo emocional ou afetivo do problema, e assim a depressão teria origem em conflitos não resolvidos no inconsciente, nas frustrações, nas perdas ou nos rompimentos afetivos. A depressão pode ter surgido após a morte de um ente querido ou após uma separação conjugal.

Espiritogismo - Termo que propomos para a tendência que existe nos espíritas de enxergar a causa da doença em problemas espirituais. O religioso em geral costuma entender a depressão como falta de Deus ou ausência de oração, ação de satanás ou por não frequentar o templo. No espiritismo, em particular, seria a tendência de diagnosticar a doença como uma obsessão  espiritual ou  um problema mediúnico emergente. O atendente fraterno, portanto, precisa observar o paciente com um todo e fazer o encaminhamento correto para o tratamento adequado, que pode ser uma integração entre a medicina, a psicologia e o tratamento espiritual quando o caso assim exigir.

Vemos que todas as áreas citadas - da ciência, da filosofia como da religião - contêm verdades inquestionáveis, todavia elas não dão conta de explicar integralmente os fatos. Existe espaço para outros "gismos", que apontam para outras verdades parciais e que não devem ser desconsiderados. O ideal seria, portanto, uma teoria que integrasse todas as áreas de conhecimento humano.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Não Vim Trazer a Paz mas a Espada

Jesus representa sempre um desafio. Suas idéias são inovadoras, cheias de inspiração divina e provocam reflexões necessárias. Podemos considerar a frase "não vim trazer a paz mas a espada" como de Jesus mesmo, somente precisamos interpretar o que ele queria dizer.

Inicialmente sabemos que a missão de Jesus é de paz e esta foi a sua atitude durante a sua vida. Paz nas atitudes e paz de espírito. Já no campo das idéias, como enfatiza Kardec, ele foi revolucionário mesmo  e questionou o modo de vida da época, especialmente a forma como fazíamos religião, a nossa espiritualidade e nossa relação com Deus.

Assim como Jesus, o Espiritismo também apresenta idéias novas, no século 19 e encontrou resistências em sua fase inicial, de afirmação de princípios. Como se trata de doutrina de revelação progressiva e que acompanha o progresso da ciência, novas idéias continuam surgindo, através dos líderes, médiuns e autores que pagam um preço por apresentares algumas idéias novas.

De nossa parte, resta uma reflexão sincera se estamos abertos a novos questionamentos, novas reflexões, a fazer reciclagem das idéias ou se comportamos como novos fariseus que são descritos por Kardec na introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo, de onde apresento um parágrafo para nossa meditação.

"Tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios; mas, sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação. Tinham a religião mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, além das exterioridade e da ostentação; entretanto, por umas e outras, exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Daí o serem muito poderosos em Jerusalém."

Tabém no Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec fala sobre as idéias novas:

"Toda idéia nova encontra forçosamente oposição, e não houve uma única que se implantasse sem lutas. A resistência, nesses casos, está sempre na razão da importância dos resultados previstos, pois quanto maior ela for, maior será o número de interesses ameaçados. Se for uma idéia notoriamente falsa, considerada sem conseqüências, ninguém se perturba com ela, e a deixam passar, confiantes na sua falta de vitalidade. Mas se é verdadeira, se está assentada em bases sólidas, se é possível entrever-lhe o futuro, um secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que se trata de um perigo para eles, para a ordem de coisas por cuja manutenção se interessam. E é por isso que se lançam contra ela e os seus adeptos. A medida da importância e das conseqüências de uma idéia nova nos é dada, portanto, pela emoção que o seu aparecimento provoca, pela violência da oposição que desperta, e pela intensidade e a persistência da cólera dos seus adversários."

Fábio Pires Vasconcelos

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Melhor Tratamento Espiritual

As pessoas que estão vivenciando sofrimentos, doenças físicas a angústias psíquicas, problemas de família a obsessões espirituais, costumam recorrer aos centros espíritas em busca de tratamento espiritual. Como o imediatismo ainda caracteriza a maioria das pessoas, estas esperam um tratamento rápido, alguma forma de retirar as más energias ou influências, como se faz uma cirurgia para a retirada de uma verruga ou sinal na pele. Lembro-me do amigo Manuel Olympio que costumava dizer: "Obsessão não é carrapato não meu irmão!" 

Geralmente se busca o atendimento fraterno e o candidato é convidado a iniciar um tratamento espiritual. As semanas passam e em geral temos resultados interessantes, a demostrar a dedicação fraterna dos nossos benfeitores e tarefeiros do  bem. Este período serve de trégua para que a pessoa possa se renovar pela terapêutica espírita que pede uma renovação mais profunda na vida e reflexão sobre os padrões que levaram ao distúrbio. Para isso algumas sugestões são feitas ao assistido:
  • Evangelho no lar - para harmonia do ambiente doméstico e purificação das possíveis influências presentes no lar, além das reflexões renovadoras do evangelho.
  • Habito da prece - Para o fortalecimento espiritual e atrair as boas influências espirituais.
  • Participar das doutrinárias ou estudos da casa - Para aquisição das idéias consoladoras da doutrina e resignificar a visão de mundo.
  • Hábito da leitura edificante - Esclarecimento e sintonia com o bem, além renovação dos pensamentos que podem ser disciplinados.
  • Passes e água fluidificada - Os recursos terapêuticos espíritas.
  • Reforma íntima - Que é tarefa para a vida inteira e 
  • Participação no serviço fraterno - Voluntariado nas atividades de serviço social da casa.
Lembrando Kardec vamos citar uma passagem do Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 28 sobre a prece para os obsidiados: " Para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros".

Sempre devemos acolher a todos que buscam o amparo da doutrina e dos tratamentos espirituais, mas também precisamos informar aos pacientes qual o melhor tratamento espiritual.

Fábio Pires Vasconcelos