sábado, 12 de outubro de 2013

Novos inquisidores

Percebo uma atitude arrogante por parte de alguns que se sentem donos da verdade ou defensores da pureza doutrinária, que se posicionam como quem tem autoridade para falar em nome do espiritismo, como se esta doutrina tivesse uma organização hierárquica de poder. Assim só falta excomungar alguns médiuns ou proibir deles fazerem palestras ou lançar livros.

Enquanto isso os médiuns prosseguem no seu labor junto aos espíritos plantando suas sementes do bem e sendo acolhidos calorosamente nos salões onde são convidados. Pessoas como eles, capazes de atrair a admiração e de influenciar tantas pessoas, certamente possuem alguma tarefa no concerto da orquestra divina nos serviços de regeneração.

Atacam sem piedade e respeito os médiuns, ou melhor os pseudomédiuns, em atitudes antifraterna como se, isso sim, não fosse antidoutrinário, antievangélico e antiético. A obsessão, o delírio ou fascinação devem ser combatidos, os livros são de supostos espíritos. Estão piores estes fiscais do que os cientistas materialistas com o rigor que necessitam ter antes de concluir sobre um novo princípio ou lei material.

A impressão é de que no mínimo alguns reflexos da idade média estão dando seus flashes e que os novos inquisidores estão preparando as ferramentas de tortura, a espera de um candidato à mediunidade, para a acusação, o processo, o julgamento, a condenação e só não a tortura física porque as leis civis assim o proíbem.

Acusam-se os médiuns de não terem compromisso com o espiritismo. Seria o caso de se pertuntar: como anda então o seu compromisso com o espiritismo? Está realmente sendo o homem de bem? Não seria inveja o fato de alguns autores estarem vendendo tantos livros? Devemos ter medo de ler os livros que podem então abalar a nossa fé? Vamos criar um novo índex librorum prohibitorum? Quem vai elaborar a lista? Isso vai gerar polêmica? Quem será o responsável por carimbar uma nova obra com um selo “obra genuinamente espírita”? Haverá uma taxação sobre este serviço? Os médiuns devem escrever para agradar mais o povo ou as lideranças espíritas?

Essa atitude psicológica é mais ou menos assim: Eu sou do bem e devo denunciar o mal. Então vou eleger um líder que admiro e adotar que somente ele é do bem e os demais são do mal e devem ser combatidos. Também há uma sensibilidade às novas ideias, particularmente as que trazem notícias do mundo espiritual. Como fica a progressão dos ensinamentos espíritas? Também não podemos falar em carma, pois não é um termo que faz parte da codificação. Desta forma também não poderíamos falar em clonagem, anencéfalos, bioética ou transplantes!

Também tem o preconceito com pretos velhos, caboclos e similares que também não deveriam frequentar os ambientes mediúnicos espíritas. Interessante que não se fala em preconceito com padres ou freiras, como se isso também não fosse espiritismo. Realmente chega a ser antipático alguém começar a listar o que é e o que não é espiritismo, como colocar uma imagem de Jesus ou Kardec na parede do centro não é espiritismo...

Ainda bem que nossas casas espíritas estão livres desta fiscalização e como diz o ditado popular; “Conselho e torrada, só se dá a quem pede”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário